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A agenda da saúde em 2015: financiamento e força de trabalho em foco

Imagem com a frase: a saúde em 2015

18/12/2014

Por Juliana Krapp/ Portal Fiocruz

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Quais temas vão dominar a agenda dos debates públicos no campo da saúde em 2015? E, por outro lado, quais questões deveriam ser debatidas, mas provavelmente vão permanecer envoltas em silêncio? O ano que começa em poucos dias já desponta como arena para a discussão de pontos importantes — e polêmicos — para a saúde. Em novembro, acontece a 15ª Conferência Nacional de Saúde, espaço primordial para os debates sobre os rumos do SUS, que nesta edição tem como tema “Saúde pública de qualidade para cuidar bem das pessoas: direito do povo brasileiro”. Além disso, o financiamento para a saúde, um gargalo cada vez mais premente, promete ser um tema dominante. Um desafio diretamente ligado à sustentabilidade do SUS e à sua capacidade de promover, de fato, o direito à saúde.

O Portal Fiocruz conversou com seis pessoas sobre quais os temas que provavelmente estarão mais em evidência nas discussões sobre os rumos da saúde. No rol de entrevistados há pesquisadores e professores. Mas, também, uma estudante do Ensino Médio. Para Letícia Taets, de 18 anos, questões relacionadas à saúde da mulher e à legalização das drogas prometem ganhar ainda mais destaque no ano vindouro. No entanto, a violência obstétrica, apesar de representar um problema grave, periga se manter fora dos holofotes, assim como as questões de saúde que envolvem a população quilombola no Brasil. 

As estratégias para enfrentar a violência e necessidade de uma política nacional de segurança pública são temas que aparecem com frequência nas respostas. Assim como a urgência em fortalecer e valorizar o trabalho e a formação dos profissionais em saúde.

Muitas das respostas, claro, refletem a vivência dos entrevistados — e, justamente por isso, revelam, em seu conjunto, como é ampla e diversa a gama de temas prementes no debate da saúde coletiva. Daniel Groisman, professor-pesquisador da Escola Politécnica, aponta uma questão não mencionada pelos outros entrevistados, mas essencial às discussões: a necessidade de ampliar as estratégias de cuidado ao idoso. “Garantir boas condições para uma população envelhecida é um grande desafio para o sistema de saúde”, ressalta.

Uma característica em comum, porém, parece relacionar as respostas de todos os entrevistados: a apreensão com a possível distância entre o debate e a viabilidade de propostas, de fato, revigorantes para o sistema. A crise econômica e política do país, com os escândalos da corrupção colocando em xeque a confiança nos espaços públicos, aparece de forma recorrente como motivo de preocupação.  “A expectativa hoje é que, em termos macroeconômicos, não teremos um ano fácil. Ao que tudo indica, teremos um próximo ano de grandes restrições orçamentárias. Não será um contexto nada favorável para avançarmos na discussão do financiamento do SUS, por exemplo”, destaca Carlos Paiva, pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz que, mais adiante, completa: “Vamos nos deparar com um cenário favorável à pactuação em torno do projeto do SUS? Hoje somos inclinados a dizer que não. Mas não podemos ter desprezo pela história: ou seja, pelo potencial de novidade, ruptura e contradição nos processos históricos”.

Leia as entrevistas:

José Noronha, pesquisador do Icict: “Receio que a questão da segurança sanitária não esteja recebendo a atenção que merece”

Letícia Taets, estudante do Ensino Médio: “Perto do silêncio está a temática da violência obstetrícia”

Daniel Groisman, professor-pesquisador da Escola Politécnica: “A realidade vem mostrando que o Estado precisa ajudar no cuidado ao idoso”

Carlos Paiva, pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz: “Somos testemunhas de uma onda conservadora cujos resultados políticos e sociais ainda são desconhecidos”

Vera Lucia Luiza, pesquisadora da Ensp: “Questão importante é a dos recursos humanos, da qualificação e da produtividade”

Arlindo Fábio, superintendente do Canal Saúde: em foco, a “complementaridade” entre o público e o privado

 

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